quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Palavras atemporais

Sou só eu ou mais alguém sente que as palavras do Gestalt-Terapia Explicada são atemporais? Sempre vejo o Perls falando quando leio qualquer página deste livro. Não é à toa que ele foi o criador da Gestalt-Terapia. Parece que a filosofia da coisa estava arraigada em suas veias. A fuga do racional, do cocô de galinha, de elefante, como ele fala, me faz ter fé na gestalt-terapia. Sim, porque não adianta falar coisas da boca pra fora. Eu sinto na obra de Perls um significado existencial muito mais profundo do que uma mera teoria. E sinto, desta forma, um elo autêntico, um contato genuíno que me faz tomar consciência de mim. Leitor e escritor vinculados por um discurso autêntico. Não acredito que seja unilateral. Eu devolvo de alguma forma, para o não-Eu, alguma forma de energia. Ler gestalt mexe comigo. E aposto que mexe com muita gente.

Porque escrever sobre Gestalt...

Eu prefiro perguntar: como é escrever sobre gestalt? Diria que é simplesmente acompanhar o fluxo da consciência. Seja ela limitada ou expandida, estando ou não na escuridão, sentindo ou não os dedos dos pés. O Eu funciona de forma íntegra. Ou pelo menos deveria funcionar. Imagine que você tem fome e, ao mesmo tempo, tem uma prova difícil no dia seguinte. Numa mesa próxima você vê uma maçã e um livro. Você, preocupado com a prova, porque já assumiu o papel de bom aluno, vai ler o livro e deixa a maçã de lado. O que acontece? Você não se concentra no estudo porque está de barriga vazia. O processo de ler o livro não funcionará bem, porque você não estará exercendo uma atividade sem estar preparado. Este exemplo é bem simples, pois é micro. Este mesmo modelo numa proporção macro certamente assume uma importância fundamental no bem-estar de qualquer ser humano. Criar, falar, expressar ou agir sem estar com as devidas necessidades primárias satisfeitas resulta em existência sem significado, sem energia. Estar maduro significa "estar preparado para".